"O mercado asiático também sofreu com a indecisão política italiana. A bolsa de Tóquio encerrou a sessão desta terça-feira a cair 2,26%."
Quando o resultado de uma eleição tem consequências tão disseminadas pelo mundo, percebemos que o paradigma de governance internacional em que vivemos, sofre de hipersensibilidade democrática.
Portanto, os juros disparam em diversos países porque os italianos não gostaram do candidato que os mercados quiseram impor a todo um povo.
Não fosse a gravidade deste facto, e eu estaria hoje despreocupadamente a trocar umas piadas com amigos, porque os italianos deram uma "tampa aos mercados".
Mas é grave.
O sistema político e financeiro que representa o paradigma do chamado primeiro mundo, está em convulsão.
Os actores financeiros e políticos do mundo ocidental comportam-se como se pudessem viver um sem o outro, numa dança de poder que os impele para um braço de ferro impossível, com consequências imprevisíveis.
Gostemos ou não, "os mercados", os Estados, e os povos do primeiro mundo estão todos no mesmo barco, mas o equilíbrio que existia entre todos, já não se verifica.
Existem diversas explicações possíveis para esta evolução, mas uma delas seguramente é a ausência de uma estratégia total para o projecto europeu, que influencie as estratégias integrais dos Estados.
O sistema teórico de desenho e formulação estratégica da União Europeia é qualquer coisa como isto:
Com a crise actual a dilacerar os elos de solidariedade entre os Estados Europeus, e a permanente vulnerabilidade dos sistemas políticos nacionais, são factores de risco que não podemos ignorar, sob pena de assistirmos à queda de um sistema de equilíbrios, sem sabermos qual é o sistema que irá emergir dos destroços.
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