terça-feira, janeiro 21, 2014

Sobre o medo de falhar

Querido Blogue,

O medo de falhar não é um fenómeno assustador, mas uma melodia sedutora que nos desencaminha, dissolvendo a nossa determinação e minando a nossa vontade de vencer.
Ninguém está a salvo deste canto da sereia que nos conforta, que justifica as nossas derrotas com factores exógenos, e nos perdoa sempre que desistimos antes sequer de tentarmos vencer.
Este teste à nossa vontade é o principal desafio que a vida nos coloca pela frente. É um desafio diário, que nem sempre vencemos, mas cujo rácio vitórias/derrotas tem um impacto enorme na evolução da nossa vida.
É verdade que existem factores exógenos que nos permitem estar melhor ou pior preparados para vencer, mas esses indicadores apenas servem para medir o grau de dificuldade dos desafios a que nos propomos, nunca para nos dizer que o objectivo, em si, é inatingível,
As vitórias que medem o nosso sucesso, são sobretudo resultado de um compromisso pessoal com o objectivo a atingir. Os elementos exteriores a nós são importantes, mas secundários, pois têm um efeito efémero ( positivo ou negativo), e não nos fornecem a energia que precisamos para manter uma dinâmica crescente de realizações. Por isso é que costumamos dizer que as vitórias trazem vitórias, pois servem como plataformas de motivação, que nos levam a tentar atingir objectivos mais exigentes, que antes pareciam inalcançáveis.

Não conheço nenhum método infalível para ajudar um ser humano a realizar-se, e alcançar a sua própria medida de sucesso, mas sei que a chave desse sucesso surge sempre, mas sempre, de dentro de nós!



A melhor forma de começar é parar de falar e começar a fazer. – Walt Disney, fundador da Walt Disney





segunda-feira, dezembro 16, 2013

100 anos da Guerra "para acabar com todas as guerras"



Querido blog,

O meu bisavô Trajano esteve lá.
Lutou contra o inimigo, contra a fome e a doença. Ficou surdo e coxo quando atravessou a terra-de-ninguém para salvar um tenente ferido, e no regresso foi atingido por um morteiro.
A história recente do mundo ensina-nos que a guerra está sempre à espera ao virar da esquina, que a expressão "Nunca mais!" não lhe é aplicável.
Hoje em dia conhecemos a Guerra através dos relatos dos vivos, e ficamos comovidos com as histórias de coragem, de sacrifício e dor.
Sentimos a emoção dos hinos, das entrevistas aos sobreviventes, dos familiares separados pelo conflito, e reencontrados anos depois.
Mas a Guerra, mais ou menos televisionada, mais justa ou injusta, é sobretudo um filme mudo, um rodapé infindável de nomes, de vozes silenciadas para sempre.
Em 2014 vamos evocar o Centenário da Guerra "para acabar com todas as guerras" ( como dizia, ironicamente Loyd George), mas também assinalamos mais um ano do maior período de paz na História da Europa. Uma paz que pode ou não perdurar, mas que por ora continua a ser uma garantia de futuro para a minha geração.
Entrarei em 2014 com o desejo profundo que esta Velha Europa irrequieta, saiba continuar a canalizar as suas energias para os caminhos da liberdade, igualdade e fraternidade.
Porque são estas as palavras de paz que protegem os europeus, daquele silêncio ensurdecedor que se abate sobre milhares de pessoas por todo o mundo, todos os anos.



quarta-feira, novembro 13, 2013

'Se não há modificação na Europa vamos para uma nova guerra'



Querido Blog,

Quem me conhece sabe que não sou nenhum fã de Mário Soares,
Temos assistido, no último ano, a declarações do antigo Presidente da República, da maior gravidade e irresponsabilidade.
Mas hoje, em Paris, Mário Soares despiu "a farda" de guerrilheiro radical, e vestiu uma outra, a do estadista que conquistou o respeito de muitos, e a admiração de alguns.
Discordo da sua caracterização do papel de Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia, e não acredito em teorias políticas baseados em "saltos de fé", uma crença religiosa na "chegada da cavalaria" vinda do outro lado do Atlântico.
Mário Soares tem medo. E tem razão para ter. 

O crescimento dos movimentos/partidos radicais à esquerda e à direita na Europa é, de facto, preocupante.
Não só pela representatividade que vão conquistando, dentro e fora do sistema democrático, mas sobretudo pela crescente agressividade com que se comportam, alimentando-se da conflitualidade social resultante da crise.

A Europa de hoje começa a perder o seu rumo de convergência política, e torna-se necessária uma abordagem pragmática à principal evidência comum aos povos europeus:

Os europeus não querem a união política com que Bruxelas sonha.

Karl Deutsch escrevia que "as Relações Internacionais são demasiado importantes para serem deixadas para os especialistas". Essa posição é sustentada pela necessidade da 
afirmação da política, e dos políticos, para definir a visão, a estratégia e tomar as decisões que o sistema executa.
Deutsch estudou profundamente os modelos de funcionamento dos sistemas políticos, mas sempre destacou a importância do factor humano, nos processos de decisão.
Acredito que o perfil dos dirigentes políticos Europeus, a incapacidade de lidar com o fracasso da Constituição Europeia , e a conjuntura de crise, deixaram o projecto Europeu à deriva.

Urge repensar a estratégia e o caminho para a atingir, e apresentar um novo projecto, de forma clara e transparente aos povos europeus.
Porque um Sistema Político Europeu sem consensos validados pelos povos, não passa de uma estrutura oca, opressiva e condenada a desaparecer, com consequências políticas e sociais gravíssimas. 
Estamos ainda muito longe de uma realidade semelhante às conjunturas que precederam as Guerras Mundiais do Séc.XX, mas seria uma irresponsabilidade perigosa ignorar os sinais.


Defendo assim uma mudança na Europa, mas uma mudança de projecto político, que passe por alguns destes princípios:

  • Aprofundar as relações entre os povos, sem esmagar as soberanias nacionais.
  • Definir estratégias económicas comuns que reforcem a competitividade das economias nacionais, com o apoio de mecanismos reguladores fortes.
  • Definir regras de concorrência exigentes entre blocos económicos.
  • Assumir, política e financeiramente, a necessidade de uma Política Comum de Segurança e Defesa, que saia do papel e seja efectiva.
  • Desenvolver um novo modelo de políticas de coesão, que não passe simplesmente pelos handouts dos fundos comunitários. 


Em conclusão, partilho das preocupações de Mário Soares, mas não subscrevo a "solução milagrosa" vinda dos EUA.
Como leitor assíduo de bandas desenhadas na minha infância, nunca me esqueço que, tanto na literatura como no cinema americano, a "cavalaria" chega sempre, mas sempre depois de terminado o combate...
Não deixo de notar (sorrindo) que Mário Soares, que se confessava ateu em 1998, tenha esta atitude de fé nos amigos americanos.
Quem o viu e quem o vê.







terça-feira, julho 16, 2013

Sobre os Zetas e os Otelozinhos de vão de escada


Querido blog,

O México assistiu a mais um episódio de uma guerra sem tréguas, desta vez a detenção de um dos homens mais perigosos do Mundo, acusado de centenas de crimes, dos quais cerca de 260 são homicídios.

O combate contra os poderes erráticos, que pretendem a subversão e o derrube dos Estados para servir os seus próprios fins, é uma realidade que Portugal não conhece, desde a extinção das Forças Populares 25 de Abril (FP-25) em 1987.

Sejam cartéis de droga no México, as FARC na Colômbia, chefes das Forças Armadas da Guiné-Bissau, ou  a ETA em Espanha, todos estes fenómenos exploram, subvertem e usurpam o poder dos estados.
Quando olho para as fragilidades políticas, jurídicas e sobretudo funcionais do Estado Português, preocupo-me cada vez mais com o futuro deste país onde nasci, e onde quero um dia criar os meus filhos.
A minha preocupação não tem o centro na actual crise política que o país atravessa, mas na forma como a esquerda radical em Portugal começa a mostrar as garras, como se perspectivasse uma nova oportunidade para desencadear um PREC.

Quando um deputado da Nação, independentemente da sua ideologia, faz declarações deste género, e se mantém em funções, então estamos perante a subversão pública dos valores da democracia e do estado de direito.A excessiva tolerância com que as forças vivas do nosso sistema democrático (políticas, cívicas, comunicação social) lidam com estes comportamentos, é fruto de uma cultura criada ao longo de 30 anos num processo calculista de revisionismo histórico, no qual Mário Soares participou, nomeadamente, quando concedeu indultos aos condenados das FP-25, entre 1996 e 97 alguns dos quais voltaram à vida do crime e da violência).

No caso de Otelo, os socialistas foram mais longe, e em 2009 promoveram o terrorista a Coronel (com uma indemnização de 49.000 euros), pela mão dos ministros Teixeira dos Santos e Severiano Teixeira.


Vítima mortal das FP 25

Em 2012, não faltaram as entrevistas e o protagonismo dado a Otelo Saraiva de Carvalho, um homem outrora condenado a 15 anos de prisão, por liderar uma organização terrorista em Portugal, responsável por centenas de crimes, entre os quais 17 assassinatos, 66 atentados à bomba e 99 assaltos a bancos.



É verdade que estes Migueis Tiagos, que populam os corredores da "ala esquerda" do parlamento, não passam de otelozinhos de vão de escada, mas cuja audácia e agressividade só ganham expressão, face à indiferença intimidada das instituições democráticas, que continuamente se deixam subjugar por uma pretensa e hipócrita autoridade moral, que não é património de nenhuma ideologia, nem de nenhum partido.
Faz claramente falta, no espectro social e político, quem assuma o combate político contra a poluição cultural da nossa história, contrapondo com a verdade dos factos, a retórica revisionista e fanática da esquerda. Para que as famílias das vítimas da esquerda em Portugal possam finalmente encontrar paz, num país que deixou o seu sacrifício cair no esquecimento.
Miguelinho, vocês não são "mais do que eles", porque a vossa verdadeira e profunda frustração ideológica, é contra o povo português, que escolhe livremente, desde 1976, um caminho que não é o vosso, um caminho de liberdade e de democracia.Miguelinho, deixo-lhe com uma imagem de um dos teus heróis, e umas citações dos  seus discursos heróicos, cheios de palavras de esperança e liberdade, para se inspirar em futuros posts.


"The U.S. is the great enemy of mankind!" raved Ernesto "Che" Guevara in 1961. "Against those hyenas there is no option but extermination. We will bring the war to the imperialist enemies' very home, to his places of work and recreation. The imperialist enemy must feel like a hunted animal wherever he moves. Thus we'll destroy him! We must keep our hatred against them (the U.S.) alive and fan it to paroxysms!" […]

“A revolutionary must become a cold killing machine motivated by pure hate. We must create the pedagogy of the The Wall!” The Wall is a reference to the wall where Che’s enemies stood before his firing squads.

“What we affirm is that we must proceed along the path of liberation even if this costs millions of atomic victims.”


quarta-feira, março 27, 2013

Histórias da vida no dia Mundial do teatro


Querido Blog,

Partilho contigo o meu modesto contributo para o Dia Mundial do Teatro.

Hoje um grande amigo meu perguntava-me o que oferecer no aniversário de uma amiga especial, que estava a passar por um período menos bom.

A conversa foi assim:

Fulano - a Sicrana faz anos, anda um bocado em baixo e eu gostava de fazer-lhe uma surpresa e puxar um pouco por ela. 
Vai haver um jantar com as amigas ( que ela nem queria fazer) onde eu também vou estar, mas não tenho nenhuma ideia do que lhe oferecer.
Tens alguma ideia?

Eu - Hombre, se queres puxar por ela tens de lhe dar algo que a faça sentir especial, bonita, humm.. Sexy! O que é que ela gosta mais de fazer?

Fulano - Ah! Hum... Huh... Gosta de (1 minuto).... Eh pá! Ela gosta de livros da Sveva Modignani, de tomar café com as amigas, no verão está sempre a caminho da praia... Sei lá que mais!

Eu - Hum, Sveva... Pois. Ela deve andar mesmo depressiva...

Fulano - É isso, vou oferecer-lhe um livro! Um romance alegre ou algo assim para ela largar essas porcarias.

Eu - Está mas é calado, se ela está em baixo nada pior que criticares o gosto literário dela, e provavelmente não a conheces assim tão bem para acertar no tipo de escrita que ela gosta.
Se queres puxar por ela e também fazer boa figura, porque não lhe ofereces algo que a faça sentir bonita? Tipo um vestido ou um bikini, já que ela gosta de praia.

Fulano - Estás parvo? Primeiro nem sei os tamanhos dela, não percebo nada disso, depois ela pode não gostar do que eu escolher, e pior vão estar lá as amigas todas no jantar, que só vão pensar que eu sou algum tarado, que se quer aproveitar da fragilidade da amiga.

Eu - Estás tãaaoo enganado. Conheces bem alguma das melhores amigas dela?

Fulano - Conheço.

Eu - Então fazes assim. Ligas para ela e pedes ajuda com os tamanhos, escolhes 3 ou 4 modelos e pedes-lhe para te ajudar a decidir qual o melhor. Afinal, elas estão sempre a trocar as roupas umas com as outras, por isso a amiga deve ter uma boa ideia do que há no armário dela.

Fulano - Mas e as outras não me vão criticar no jantar? Não achas que é demasiado denunciado?

Eu - Tu já és denunciado o suficiente rapaz, acabaste de me dizer que estás apanhadinho por ela e eu nem te perguntei nada! Diz-me lá uma coisa. Gostas mesmo dela?

Fulano - Acho que estou apaixonado.

Eu - Achas, ou tens a certeza? e ela? Já sabe?

Fulano - Tenho a certeza. Ás vezes acho que ela percebe mas nunca deu a entender nada.

Eu - Ok, então sabe de certeza (riso). Achas que ela gosta de ti?

Fulano - Gostar gosta, não sei se está apaixonada ou assim, mas desde que terminou com o outro temos estado juntos muitas vezes, e ela disse-me à tempos que não tem estado com ninguém.

Eu - És mesmo parvo, ela disse-te isso e tu nada (risos)? Enfim tu vais oferecer-lhe um bikini e sabes porquê?
Não há nada pior para uma mulher do que um homem inseguro, medricas e de meias palavras. Tu se a queres para ti tens que assumir isso, tens de lhe demonstrar que gostas dela, que a desejas, e que queres fazê-la feliz, e não podes ter medo de o dizer em lugar nenhum, sobretudo nunca à frente das amigas dela, que é exactamente onde tens de ser mais forte e decidido.
O mais importante é o que lhe vais dizer quando ela abrir o presente, a forma como vais justificar essa oferta, e aí recomendo que escrevas um cartão, para não te enterrares todo em frente das amigas, e fazeres figura de parvo.

Fulano - O que é que tu escreverias?

Eu - Se pudesses ser totalmente honesto com ela por um minuto, que gostarias de lhe dizer fulano?

Fulano - Que este presente sirva para despertar a mulher linda e fantástica que eu conheço, e tem andado adormecida, mas está na hora de acordar. Gostava de lhe dizer que o meu sangue ferve ao pé dela, que nunca confiei numa mulher como confio nela, que a acho muito bela e sensual, e que me revolta quando a vejo assim triste e sozinha, que quero ser o homem da vida dela, e que comigo ela voltará a encontrar a felicidade!

Eu - Então se já sabes o que lhe deves escrever no cartão, porque é que perguntaste?

(2 horas depois o fulano envia-me estelink pelo  facebook)

Fulano - Pá a amiga dela já me recomendou esta loja com artigos originais, e nem precisei de lhe pedir ajuda que ela ofereceu-se logo para escolher o bikini comigo! Mas nem imaginas, perguntou-me logo toda entusiasmada se eu gostava da fulana.

Eu - Boa! E tu disseste que sim certo!

Fulano - Não! Achas? Não me ia comprometer assim de qualquer maneira! Disse-lhe que achava que sim mas não tinha a certeza.

Eu - Tu realmente não precisas da ajuda de ninguém para te estenderes ao comprido, já fazes um belo trabalho sozinho ... Parabéns Fulano! Acabaste de dizer a uma das melhores amigas da fulana que gostas da fulana mas não tens a certeza.
Ou seja, és mais um tipo cheio de meias tintas, que não sabe o que quer nem para onde vai, incapaz de se comprometer com nada, quanto mais com um namoro com uma fulana que saiu fragilizada de uma relação anterior. És mesmo estúpido.

Fulano - Ah! Não tinha pensado nisso....

Eu - Olha, nem que compres os 10 bikinis mais bonitos dessa loja, ou outro presente qualquer, nada disso vai ser bem interpretado, nem bem recebido por ela ou pelas amigas, se tu não tiveres a mínima confiança no que sentes por ela e fores capaz de tomar decisões e assumi-las. Isso é que é ser homem, e nenhuma mulher que valha a pena vai esperar menos de ti. Cresce rápido, que assim não vais lá!

Esta é uma história verídica.

Fim.

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Encruzilhadas perigosas




"O mercado asiático também sofreu com a indecisão política italiana. A bolsa de Tóquio encerrou a sessão desta terça-feira a cair 2,26%."

Quando o resultado de uma eleição tem consequências tão disseminadas pelo mundo, percebemos que o paradigma de governance internacional em que vivemos, sofre de hipersensibilidade democrática.
Portanto, os juros disparam em diversos países porque os italianos não gostaram do candidato que os mercados quiseram impor a todo um povo.
Não fosse a gravidade deste facto, e eu estaria hoje despreocupadamente a trocar umas piadas com amigos, porque os italianos deram uma "tampa aos mercados".

Mas é grave.
O sistema político e financeiro que representa o paradigma do chamado primeiro mundo, está em convulsão.
Os actores financeiros e políticos do mundo ocidental comportam-se como se pudessem viver um sem o outro, numa dança de poder que os impele para um braço de ferro impossível, com consequências imprevisíveis.
Gostemos ou não, "os mercados", os Estados, e os povos do primeiro mundo estão todos no mesmo barco, mas o equilíbrio que existia entre todos, já não se verifica.
Existem diversas explicações possíveis para esta evolução, mas uma delas seguramente é a ausência de uma estratégia total para o projecto europeu, que influencie as estratégias integrais dos Estados.

O sistema teórico de desenho e formulação estratégica da União Europeia é qualquer coisa como isto:


Num mundo em que as organizações de elevada complexidade procuram os melhores métodos de recolha e tratamento de informações, e reconhecem a absoluta necessidade de processos de decisão estratégica, execução e feedback cada vez mais eficazes, o actual modelo em vigor no Sistema Europeu é, no mínimo, anacrónico.
Com a crise actual a dilacerar os elos de solidariedade entre os Estados Europeus, e a permanente vulnerabilidade dos sistemas políticos nacionais, são factores de risco que não podemos ignorar, sob pena de assistirmos à queda de um sistema de equilíbrios, sem sabermos qual é o sistema que irá emergir dos destroços.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Faz o que eu digo, Não faças o que eu faço!


Querido Blog,
Escrevo-te para te dar conta do que o amigo Jorge Janeiro escreveu, a propósito das manobras políticas a que assistimos no meu querido Concelho de Oeiras.
Gostava de destacar dois momentos deste post do Jorge, que me parecem particularmente relevantes, nos tempos que correm:


- A propósito de uma entrevista dada Pelo Vice-Presidente da CMO a uma revista, que foi paga com dinheiros públicos:

" Fiz um requerimento na Assembleia Municipal a pedir as faturas (hoje em dia obrigatórias…) para confirmar em quanto ficou tudo.
O senhor vice-presidente admitiu que quem pagou foi a Câmara Municipal, apesar de na capa se assumir como candidato, porque foi “convidado” para ser entrevistado. 
O que não deixa de ser curioso. 
A apropriação de dinheiros públicos para fins privados é crime público, pelo que há que ter cuidado nesta matéria."

- Referindo-se à inauguração da fase 2/B do Parque dos Poetas:
"Eu compreendo a necessidade de o Isaltino deixar a sua marca. 
Mas podia deixar-nos o mesmo legado comprometendo menos o nosso futuro, pois 9 milhões de euros dariam, muito provavelmente, para fazer dois ou três parques ainda maiores do que aquele, servindo mais gente, satisfazendo ainda melhor as nossas necessidades e custando menos em manutenção. 
Ou dariam para fazer um parque e reabilitar vinte ou trinta apartamentos nos centros históricos para jovens, que continuariam a viver em Oeiras"

Estes 2 excertos reforçam a minha convicção da existência em Oeiras de poderes políticos que confundem os seus objectivos próprios com os os do Município.
A ingenuidade com que se admite publicamente que se "compram entrevistas" com dinheiros públicos para fazer campanha, justificando com o facto de também se falar do trabalho da Câmara Municipal, é de bradar aos céus.


Em casa de qualquer português, um "convite" para uma entrevista que custa 10.000 euros, não é convite nenhum.

O Parque dos Poetas sempre foi uma prioridade, uma afirmação de um Concelho feito à imagem do seu líder, que reclama o direito de sair pela porta grande, e assim, não havendo dinheiro para inaugurar a fase 2 inteira, dividiu a mesma num lado A e B.
Como muitos oeirenses, sinto simpatia e solidariedade pessoal para com este homem controverso, que marcou os últimos 25 anos deste Concelho. 

Mas o mesmo sorriso que me assalta ao assistir a mais esta "jogada do velho mestre maroto", transforma-se num olhar de desdém quando vejo alguém a esforçar-se tanto por ser a sua cópia.
Não deixa de ser caricata a relação contraditória entre estes 2 excertos, que caracterizam um homem que reclama direitos de autor pela sua obra, e outro que tenta imitar os comportamentos do primeiro, utilizando o nome da Isaltino para se promover políticamente.

Querido Blog,


A verdade é que Paulo Vistas não teve tempo para se afirmar sozinho, o Presidente Isaltino não lhe deu espaço durante o mandato, nem agora, a 6 meses das eleições entrega a Câmara ao seu Vice-Presidente.
Achas mesmo que alguém acredita que os munícipes vão eleger uma pessoa que conhecem pouco, e que em vez de se afirmar, dando a conhecer a sua personalidade, está a tentar ganhar as eleições a partir da imagem de outro?
Mas porque é que alguém vai confiar os destinos de Oeiras a um homem, se nem o actual Presidente, que lhe empresta o nome a imagem para a campanha, é capaz de o fazer?